Estudo: Parábola “Dois devedores”

Nos últimos meses eu venho estudando as parábolas do evangelho de Lucas com a ajuda do livro “Parábolas de Lucas” de Kenneth Bailey. Estudar as parábolas tem feito com que eu sinta quão forte eram os diálogos de Jesus e quão impactantes eram as palavras que ele dizia para aquele povo. Por isso, escolhi este tema para iniciarmos nossos estudos.

A primeira parábola que estudaremos se encontra em Lucas 7: 41 – 43, conhecida como a parábola dos “Dois devedores”. Entretanto, meu convite é que analisemos todo o contexto da história (Lucas 7: 36 – 50). Para isso, nosso estudo será dividido em três momentos: Antes da Parábola, A parábola e Depois da Parábola. No fim será apresentada uma conclusão.

  • Antes da Parábola

Lucas 7:36-40 (clique para ler)

Inicialmente o texto apresenta três personagens: Jesus, um fariseu chamado Simão e uma mulher pecadora.

Jesus havia acabado de pregar naquela cidade e recebeu o convite do fariseu para um jantar. Ele prontamente aceita o convite. Nesses jantares, era costume da época, que a porta da casa estivesse aberta, pois toda comunidade poderia assistir ao jantar. Também por costume da época os hóspedes recebiam 3 tipos honras: seus pés eram lavados, pelo anfitrião ou pelos servos; eles recebiam um beijo, como sinal de confiança; e suas cabeças eram ungidas.

No centro das salas haviam mesas baixas. Os hóspedes sentavam ao redor dessas mesas com os pés para trás. Ao chegarem na casa, todos tiravam suas sandálias e os servos, que ficavam em pé atrás das mesas, lavavam os pés dos convidados (não fazê-lo seria uma ofensa muito grande). Por trás dos servos, as pessoas da comunidade se aglomeravam para assistir ao jantar.

Jesus era conhecido naquela comunidade. Ele havia acabado de pregar e foi para o jantar, onde poderia continuar aquela conversa. Logo, é provável que houvesse muitas pessoas da comunidade para assistir ao jantar.

 Ao chegar à casa do fariseu, Jesus não teve seus “pés lavados”, não recebeu o “beijo” (o que significava que a pessoa que estava sendo recebida não merecia confiança) e também não foi ungido.

Jesus foi grosseiramente recebido por seu hospedeiro, o insulto era evidente para todos.

Uma das pessoas da comunidade que se aglomerava para assistir ao jantar era uma mulher de má fama, uma pecadora. Essa mulher lava, beija e unge os pés de Jesus. Ela, assim como todos os presentes, percebeu a ofensa que Jesus estava sofrendo e então o honrou. Ela estava oferecendo amor a Jesus e tentando compensar o insulto que ele havia recebido.

Desta forma, ao mesmo tempo em que o fariseu coloca Jesus em uma posição inferior, a mulher pecadora o coloca em uma posição superior. Entretanto, tudo o que o fariseu vê é uma mulher imoral aos pés de Jesus. Ele pensou que Jesus deveria saber quem era a mulher que estava “tocando” nele.

No original a palavra “tocou” usada por Simão tinha uma conotação sexual, poderia se assemelhar a “carícia”. Ele encara como se a mulher estivesse fazendo uma carícia imoral em Jesus, enquanto, na verdade, era um gesto de amor praticado por uma mulher que havia ouvido o sermão de Jesus e se arrependeu dos seus pecados.

Os fariseus em todo momento testavam a Jesus. Eles queriam provar se Jesus era profeta e naquele jantar não seria diferente. Jesus sabia disso, de acordo com o texto Jesus sabia o que o fariseu estava pensando. Então porque ele aceitou o convite para jantar, mesmo sabendo de todo insulto que passaria?

Aquela mulher fazia parte da comunidade (o texto diz: certa mulher daquela cidade), as pessoas precisavam aceitar que ela havia se arrependido, se não fosse assim, ela não teria a restauração da sua vida na sociedade.

Sabendo de todos esses fatos, Jesus possivelmente aceitou toda aquela humilhação, para que uma mulher pecadora tivesse uma restauração completa em sua vida.

A obra de Jesus é completa, ele quer restaurar todas as áreas da nossa vida, o desejo dele é que toda sociedade nos veja como “novas pessoas”, deixando todos os erros para trás.

  • A parábola

Lucas 7:41-43 (clique para ler)

A parábola que segue é uma tentativa de fazer aquela sociedade receber os pecadores e fazer com que fosse possível aquela mulher ser recebida de volta à sociedade de forma carinhosa.

Na história Jesus conta de dois homens que devem dinheiro a uma mesma pessoa. Um desses homens devia 500 moedas e o outro deve 50 moedas.

Parábolas dois devedores

Na parábola ambos os homens são igualados pelo fato de não terem condições de fazer o pagamento, mas independente do valor da dívida ambos os homens foram perdoados. Jesus então pede ajuda ao fariseu e pergunta qual dos dois devedores teria mais estima pelo homem que perdoou a dívida. O fariseu é levado a pensar por si mesmo e chega a conclusão que Jesus gostaria. Ele diz que o homem que teve uma dívida maior perdoada deveria ter mais estima pela pessoa que perdoou. Então Jesus explica tudo que acabou de acontecer ali.

  • Depois da parábola

Lucas 7:44-50 (clique para ler)

Jesus aponta para mulher e diz: Você está vendo esta mulher? E então, se dirige a ela, como uma expressão de honra por seu gesto e não uma agressão ao fariseu.

Os gestos que a mulher teve por Jesus demonstraram um profundo amor. Amor este que só pode ser demonstrado por que seus pecados haviam sido perdoados. Jesus diz ainda que quem é muito perdoado demonstra muito amor e quem é pouco perdoado demonstra pouco amor.

Eu não acredito que existam pessoas que precisem de “pouco” perdão, mas acredito que existem pessoas que assim como o fariseu, olham mais para o outro do que a si mesmo.

Esses não conseguem amar a Deus como deveriam, pois já se julgam santos.

A mulher tinha dimensão dos seus pecados, sabia que necessitava de um redentor e, assim, a graça de Deus a alcançou por completo e ela consegue demonstrar muito amor.

A mulher aceitou o perdão para seus muitos pecados e reagiu com muito amor. Simão não tem consciência dos pecados em sua vida. Ele se considera com poucas dívidas (ou nenhuma dívida), e desta forma, tem recebido pouca graça e demonstra pouco amor (ou nenhum amor). Nosso amor por Deus é demonstrado à medida que recebemos a graça, que só vem mediante arrependimento. Assim, sem arrependimento não há como amarmos a Deus de verdade.

  • Conclusão

Neste texto existem dois tipos de pecados e dois tipos de pecadores. Simão peca dentro da lei, a mulher peca fora da lei. Os pecadores, como a mulher, muitas vezes sabem que são pecadores. Os pecadores como Simão, muitas vezes não sabem que são pecadores, o que pode tornar o arrependimento mais difícil.

Jesus aceita o convite do fariseu sem hesitação, é claro que ele também se preocupa com os “santos” tanto com os pecadores e de ambos ele espera a mesma coisa, arrependimento.

Se você é pecador, dentro ou fora da lei, dentro ou fora da igreja, mas entendeu que Jesus se importa com você e quer demonstrar um grande amor por ele, se arrependa e ore agora a Deus, ele te receberá como filho. E você conseguirá amá-lo como ama a um pai.

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