A paternidade

Hoje o texto é de uma amiga muito queria, Joana. Ela escreveu um pouco sobre paternidade, sobre como ela foi se descobrindo filha de Deus. Esse texto me fez refletir sobre meu relacionamento com meu “pai terreno” e como isso influencia no meu relacionamento com o “pai maior”, Deus. Na minha vida muita coisa ainda precisa ser ajustada, como na dela e na sua também, com certeza. Por isso, espero que você medite e seja abençoado com essas palavras. 

Pai. Uma palavra pequena, que trás muitos significados. Nos acostumamos com nosso pai durante a infância, muitas vezes essa é a primeira palavra que aprendemos a falar. Ela é tão comum que seu valor até passa despercebido. Usamos o bordão “Deus é Pai” naturalmente. Entretanto, de uns tempos pra cá percebi que eu não sabia e ainda não sei o valor do Pai e da importância Dele na minha vida. A pergunta era: eu sei ser filha?

Até eu chegar nessa pergunta e entender a importância de um relacionamento paternal com Deus, passei por um processo. Deus trabalhou comigo sobre dependência, presençaidentidade para que eu me visse como filha.

Durante toda minha vida fui treinada para ser independente, a conquistar minhas coisas e a me virar literalmente. Sempre tive a ajuda dos meus pais em tudo, mas o treinamento principal era esse: estudar, trabalhar e ser independente.

Conforme fui avançando na caminhada Cristã, comecei a ter algumas descobertas que me traziam certo incômodo, principalmente na questão da dependência de Deus. Eu reconheço e sempre tive gratidão, pois sabia que tudo que eu conquistava era da parte de Deus, achava que isso era suficiente. Durante meu processo, eu criei uma falsa dependência Dele. Eu dizia que dependia, mas não dependia de verdade.

O primeiro indício de que havia algo errado foi quando num culto na minha casa, Deus falou comigo que eu não pedia nada a Ele, e isso mostrava minha independência. Ele  falou a respeito de um carro que eu estava planejando comprar e não havia pedido à Ele. Eu na minha mais alta cara de pau disse: como assim Jesus? Eu não faço isso, claro que eu peço as coisas ao Senhor. Então, comecei a tentar puxar na memória quando eu havia pedido algo material à Deus. Não me lembrei, perdi pro Espírito Santo, ele estava certo eu não pedia as coisas materiais, só pedia coisas espirituais. Eu achava que isso era o que Ele queria, que isso agradava o coração de Deus, pois mostrava que eu estava desapegada do físico e conectada com o espiritual. Doce ilusão a minha! Passaram meses e eu vi claramente que eu tinha um bloqueio de falar com Deus sobre coisas físicas, porque eu julgava isso como futilidade, mas Deus me falava de era falta de intimidade. Lembro-me a primeira vez que pedi realmente o carro, eu orei e saí correndo pro meu quarto, como se eu pudesse disfarçar que havia orado aquilo. Falei rápido e saí mais rápido ainda, mas percebi que isso era apenas a ponta do iceberg.

Um tempo depois comecei a buscar pelos dons e poder do Espírito, eu estava tendo experiências tremendas com Deus, vivendo muitas coisas boas, sonhos, palavras de conhecimento, queria muito aquilo pra minha vida. Ai veio uma segunda Palavra do Senhor: eu precisava buscar a presença de Deus e não somente a unção de poder. Entrei em mais uma crise existencial, porque eu também achava que estava buscando a Deus, mas vi que eu estava buscando aquilo que Ele podia fazer.

Depois de mais um tempo, achei que iria verdadeiramente acertar o alvo. Eu e um grupo de amigos entramos num propósito de 40 dias de jejum e oração, o objetivo era uma busca pela nossa identidade e propósito. Estávamos muito empolgados! Eu esperava a revelação daquilo que eu deveria fazer no Reino, queria saber como iria contribuir e ouvir Ele falar aquilo que eu era, se profeta, se evangelista, se qualquer coisa que desse pra trabalhar. Entretanto, meus planos falharam. Durante esse tempo de jejum, um dia durante uma oração, Deus me deu a visão de um espelho. Eu estava sentada de frente pra esse espelho de cabeça baixa, uma voz falava que era pra eu me levantar e olhar para o espelho, mas eu ficava imóvel. Eu não conseguia acreditar, quanto mais eu achava que estava avançando, mais parecia estar na estaca zero.

Demorou alguns meses até que a minha alma acalmou! Deus mostrou sutilmente que a Presença dele era o que importava, e que a identidade que eu tanto buscava era de Filha. Na minha inocência, pensei: eu sei ser filha, isso é fácil. Entretanto, quando comecei a pensar no meu relacionamento atual com meu pai terreno, vi o quão negligente e falha eu fui e sou. Então, admiti: “realmente Deus, o Senhor tem razão, eu não sei ser filha.”

Sem título-1

Os filhos tem liberdade pra pedir qualquer coisa ao Pai (mesmo os absurdos que pedimos). Os filhos gostam de fazer coisas junto do pai, como por exemplo: assisti TV, ou passear de moto pela cidade (fiz muito isso na minha adolescência com meu pai), ou até assistir futebol pra agradar o pai. Era mais divertido quando fazíamos as coisas juntos. Quando qualquer coisa dava errado eu sabia pra quem ligar e pedir socorro, fosse por ter batido de carro, fosse por conta de frustrações nos relacionamentos, ou para pedir dinheiro (esse era com mais frequência). Ao longo dos anos isso foi se perdendo sutilmente, e eu falhei, porque minha agenda de faculdade, trabalho e amigos não dava mais tanta importância para presença do meu pai.

Deus falou comigo nitidamente, que eu não precisava fazer nada pra ter uma identidade, eu só precisava ser filha. Jesus veio à terra revelar Deus como Pai, Ele veio para cumprir um projeto do Pai, fazer parte da obra do Pai, e eu percebi o quanto eu estava equivocada. Aquele que tem o Pai tem todas as coisas dele. Eu não preciso forçar uma Graça! Ele me amou, e o que vai fazer a diferença agora é o quanto eu o amo, o quanto eu desejo ter comunhão com Ele, o quanto Ele será meu amigo, meu refúgio, minha fortaleza, meu provedor, meu amigo sincero, nunca vi tanta sinceridade. Mesmo com muitas falhas no relacionamento com meu pai terreno, Deus diz que Ele é o Pai perfeito.

Pra finalizar todo esse entendimento ouvi uma ministração (clique aqui para assistir) que fechou com chave de ouro todo esse processo. A ministração é sobre a parábola do filho pródigo em Lucas 15. Resumidamente, a ministração diz o seguinte: o primeiro filho saiu de casa e quando decidiu retornar ele disse: “Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados”, ou seja, um dia ele tinha sido digno, e ele queria voltar não pra ter comunhão com o Pai, mas para servir. Ele buscava um serviço e um salário e não um relacionamento com o Pai. O segundo filho que tinha ficado com o Pai, não soube aproveitar o que o Pai tinha, porque ele se achava merecedor de algo e queria somente as recompensas materiais. Assim, não deveríamos nos identificar nem com o filho mais novo, nem com o filho mais velho, deveríamos nos identificar com o terceiro filho, aquele que conta a parábola, Jesus.

Hoje venho mudando minha maneira de enxergar tudo isso, venho firmando cada vez mais minha identidade como filha e não como serva. Percebi que muitos dos meus atos com meu Pai do céu são um reflexo dos meus atos com meu pai terreno. Viramos uma geração órfã de pais vivos.

Paternidade curada gera identidade firmada.

Não precisaremos buscar aprovações de homens porque saberemos o nosso valor diante de Deus. Que a cura na nossa paternidade possa ser real, pois ela é a base pra uma vida com Deus, uma vida em Deus e uma vida para Deus. O Evangelho é relacionamento de Pai e Filhos.

FILHOS 2 (1)

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