O texto de hoje é do meu amigo Matheus Peçanha. Vamos refletir sobre nossa geração. O convite é para uma reflexão sobre egoísmo/indignação e mediocridade/vocação. Seja abençoado na leitura.
Somos uma geração indignada. Falta-nos tempo para acompanhar as atrocidades que acontecem diariamente em nosso país: corrupção em todas as esferas, miséria, políticos que governam para si, impunidade, promiscuidade, abusos, injustiça… a lista é longa. Tudo isso gera em todos nós – ou deveria – um sentimento latente de indignação e inconformismo.
Infelizmente, sentimentos não geram mudanças e, sendo assim, a pergunta que nos desafia é: o que temos feito diante de tudo isso?
Sabemos apontar erros, protestar virtualmente e, até certo ponto, conhecer a raiz do problema bem como as soluções, entretanto, novamente, nada disso pode gerar mudança significativa. Qual seria o problema com nossa geração, então?
Eis alguns deles.
Primeiramente, nosso egoísmo está acima de nossa indignação.
Pessoas inconformadas geraram mudanças incríveis nas esferas mais variadas: Martin Luther King era inconformado com o racismo; Madre Teresa com a miséria; Lutero com a comercialização da fé… Deus com o pecado que nos separava dEle!
Não nos faltam exemplos de pessoas que projetaram suas vidas em prol de um propósito que nasceu na indignação; que saíram da zona de conforto e se doaram por algo em que acreditavam ser digno de mudança. E tais pessoas só foram capazes de tamanha relevância porque escolheram viver em prol de algo maior que a própria subsistência; foram pessoas que se dedicaram a interesses além dos próprios. Enquanto vivermos para nós mesmos, pouca coisa mudará ao nosso redor.
Eu achava interessante que durante o ensino médio meus amigos só sonhavam com três profissões basicamente: um com direito, outro com engenharia e outro com medicina. Não há nada de errado com isso, mas me parecia que talvez nossas motivações estivessem fundamentadas em mera estabilidade financeira. Recentemente, dando uma palestra em uma escola para jovens do ensino médio, me deparei novamente com esta realidade: poucos sonhavam com uma profissão que fosse relevante na sociedade. Obviamente todos estavam indignados com a política, mas para minha surpresa ninguém sonhava em ingressar nesta vertente para trazer mudança; muitos estavam indignados com a pobreza e miséria, mas ninguém parecia interessado em trabalhar para trazer esperança aos que vivem abaixo da linha da pobreza. Muitos estavam indignados com a violência e a injustiça, mas poucos estavam dispostos a lutarem pela justiça e pela paz.
A verdade é que estamos muito preocupados com nós mesmos, em construir nossa zona cômoda e estável e protestar ferozmente de nossos castelos contra tudo que nos gera indignação. É compreensível que em um país em crise, nossa geração tenha procurado se abrigar na estabilidade dos concursos públicos que os levarão a exercer profissões com as quais nunca sonharam, mas que por outro lado oferecem um salário agradável ao fim do mês.
Contudo, até que ponto temos trocado vocações por mediocridade? Vejo pessoas com potenciais incríveis se acomodando em bons salários que trazem pouca ou nenhuma mudança a uma sociedade que geme por referências e agentes de mudança.
E o segundo ponto é este: vocação.
Vocação vem de “voz”, de sentir-se chamado a viver por um propósito além de si mesmo. Comece se perguntando: o que eu faria se não existisse dinheiro? O que eu faria para ser mudança e não apenas indignado? Eis aí a tua vocação. A vocação envolve riscos, mas transformações extraordinárias não vieram de pessoas que sempre estiveram seguras acerca do rumo que decidiram tomar. Pessoas vocacionadas enfrentam o desencorajamento e o medo de dar errado frequentemente, entretanto, quando confiamos nossos planos aos cuidados de Deus, tudo isso serve de trampolim para destinos incríveis.
Para a insegurança e a falta de condições, há alguém com propósitos infinitamente mais altos que os nossos. Há alguém interessado em manifestar misericódia, graça e justiça a um mundo carente de tantas coisas. Os frutos da maldade e do pecado do ser humano sobre a terra trazem indignação a todos nós, inclusive a Deus. Enquanto Jesus não volta para restaurar todas as coisas e trazer juízo, Ele continua capacitando os incapacitados, desacreditados e improváveis. Cristo morreu na cruz para trazer esperança aos pecadores, mas também para que não vivamos mais para nossos desejos egocêntricos, mas para Deus e pelo próximo. Leve sua indignação a Deus, Ele tem um plano!
“Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos. O Senhor faz tudo com um propósito (…)” Provérbios 16:3- 4a
“E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” 2 Coríntios 5:15